Era dia 24 de abril de 1997, era meu aniversário de 4 anos. O dia estava lindo, eu estava tão feliz. Acordei com aquela inocência de criança que o dia seria perfeito, que eu teria uma festa linda e ganharia muitos presentes, que toda a minha família estaria lá na hora do tão esperado “parabéns pra você”. Infelizmente eu estava errada. Lembro-me perfeitamente deste dia, eu tinha acabado de tomar café, estava ajudando minha mãe a arrumar a cama, eu sorria, era meu dia preferido, até que a campainha tocou, fui atender. Eram meus tios, mas que estranho não me pareciam felizes. Era intrigante vê-los me olhar com aquela cara de quem não sabia o que fazer o que dizer, era só me da os parabéns tão simples. O equivoco era meu. Eu o tinha perdido, eu tinha perdido o meu pai. Em milésimos de segundos o mundo desmoronou-se sobre minhas costas, não sabia lidar com aquela situação. A morte? Como assim, o que aconteceria agora? Eu ainda o veria? Ele iria voltar? Minha ingenuidade de criança me deixava com tantas duvidas diante de uma certeza, Não ele não voltaria, e nunca mais eu ouviria aquela frase de sempre: “Meninas cheguei!” Era assim sempre depois de dias de viagens. O que fazer agora? Eu corri, tranquei-me em meu quarto tentando fugir da realidade, chorei, chorei, chorei, adormeci. Egoísta não? Como pude deixar todos me aguardando na porta do quarto sem saber o que eu fazia lá dentro. Como deixei minha mãe sozinha no dia que ela perdeu o amor da vida dela? Desculpem-me, mas eu não sabia fazer diferente. Ele era tão irreverente, era lindo e super alto astral. Era despojado e dono de uma felicidade contagiante, era o meu pai, meu herói. Não sei ao certo porque isso aconteceu, por muitos anos não procurei saber, por alguns outros desejei vingança, desejei matar o homem que arrancou um pedaço da minha vida, mas percebi que nada disso o traria de volta.
Os anos passara e aprendi a viver sem você, mas ainda dói quando penso o que seria da minha vida se tivesse crescido com você ao meu lado, o que teríamos feito, de que teríamos brincado. Será que você seria meu puxa saco e não deixaria minha mãe brigar comigo nunca? Ou será que seria rabugento e brigaria muito comigo, seu sei que é a primeira hipótese é claro.
O cara! É assim que o descrevem pra mim. Um dos homens mais lindos de Fragoso. Tantas histórias ouvi a seu respeito meu pai. E sempre me perguntam se ainda lembro-me de você, mas é claro que eu lembro, não muito, mas o suficiente pra ter certeza de que sou filha de um homem guerreiro, de fibra, de um homem que foi muito feliz e aproveitou cada segundo de sua vida.
Depois de anos reencontrei o irmão que você me deu, ele é tão precioso, ele se parece tanto com você no jeito de olhar de falar, de andar. Vejo nele você, seus traços, seus olhos verdes como folha seca, e quando acordo com ele sentando na beira da minha cama me olhando vejo que ele quer me proteger como o senhor gostaria de ter me protegido.
Pois é pai, este é o 15º dia dos pais que não posso lhe abraçar e dizer que te amo, mas quero que onde quer que esteja saiba que nunca te esqueci e que sempre te amarei. Um feliz dia dos Pais meu anjo protetor Fábio Carvalho♥
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