Lembro-me do quanto lutei para não provar desse doce sabor que algum extinto em mim me dizia que você teria, de quantas vezes ecoei em meus pensamentos que junto do seu rubro e saboroso cálice de doçura e loucura vinha um hipnotizante sorriso maliciosamente ensaiado para embriagar todas as que se dispusessem prová-lo, mas tudo que arquitetei em minha mente como armadura contra seus encantos foram em vão. Seu doce modo de expor o desejo que tinha de ser deliciado pelos meus lábios falou mais alto do que todas as proibições que vinham rotuladas pelas circunstâncias da vida que manteriam um abismo entre nós. E então me entreguei. Provei do mais doce e rascante sabor que já poderia ter provado, lutei ferozmente a modo de não embriagar-me como muitas outras já tinham feito, mas fui totalmente dominada pela temulência que você me causava, e o que mais me assusta é que diferentemente de qualquer outro efeito, este que você me causa é progressivo, tende a aumentar a cada dia como uma fonte interminável de prazeres e descobertas, de surpresas e descontroles, de guerra e de paz...
Hoje me descrevo como inteiramente viciada no seu cheiro irresistível, na sua voz rouca, nas curvas perfeitas do seu corpo, nesse seu sorriso inocente e adversativo a malandragem de suas palavras. Hoje, amanhã, e inúmeros dias que estão por vir serei carente de tudo que em mim você tem poder, de tudo que já não faz mais parte de minha vontade lúcida, de tudo que entreguei a ti ao provar do seu delirante cálice de vinho.
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